terça-feira, 25 de outubro de 2011

Palmas tem uma criança agredida a cada 36 horas

Violência - Realidade no Estado pode ser ainda mais preocupante,
uma vez que muitas famílias escondem os casos


Palmas

Enquanto milhares de brasileiros acompanham comovidos o desfecho do assassinato da menina Isabella Nardoni, crianças tocantinenses sofrem com a violência infantil dentro de suas casas. Em Palmas, uma criança é agredida em menos de dois dias. Do começo do ano até agora, nos conselhos tutelares de Palmas e Taquaralto, já foram registrados 78 casos de violência infantil, o que representa uma ocorrência a cada 36 horas, conforme informações da coordenadora-geral do Conselho Tutelar de Palmas, Daniela Alves Nunes, que acredita que nas outras regiões do Estado a situação seja parecida.
Só este ano, no Tocantins, três crianças já morreram em decorrência de violência. Um desses casos é do menino Pablo Henrique da Silva, 2 anos, que teria sido morto no dia 11 de fevereiro, em Palmas, após levar uma surra do pai Israel Júnior Lima, que está com a prisão decretada, segundo a polícia. No ano passado, foram registrados quatro casos no Estado, conforme dados da Secretaria de Segurança Pública.
O relatório da Organização das Nações Unidas (ONU) mostra que 76.568 denúncias de agressões contra crianças foram registradas entre 2003 e 2007. Dados do Ministério da Saúde apontam que a cada dois dias, em média, cinco crianças de até 14 anos morrem vítimas de agressão. Além disso, a cada dez horas, uma criança é assassinada no Brasil.
O Relatório Mundial sobre Violência contra Crianças e Adolescentes da Organização das Nações Unidas (ONU) mostra que, entre janeiro de 2003 e novembro de 2007, das 76.568 denúncias de violência contra crianças registradas, 55.576 agressões apresentaram envolvimento familiar. Um dado é que em 81,3% das agressões, os pais são identificados como os agressores.
DIVULGAÇÃO
Para a coordenadora do Centro de Defesa da Criança e do Adolescente (Cedeca), Simone Brito, a questão da violência veio a público com o caso de Isabella, mas é uma questão comum em muitos lares. “Esses casos só não são mais divulgados porque acontecem no âmbito privado”, disse.

Mesmo diante desses dados, os números da violência infantil podem ser ainda maiores. É o que acredita a coordenadora. “Há uma incidência da violência muito grande, maior que os dados mostram, e geralmente a violência ocorre do âmbito familiar. Em função da inviolabilidade do lar, ou de um segredo de família, os casos não são denunciados”, explica.A violência infantil aflige lares de todas as classes sociais da sociedade, conforme frisou a coordenadora.
Mas o que leva esses adultos a agredirem as crianças? Um dos motivos é o poder que o adulto tem sobre o filho ou criança sob seus cuidados, segundo Simone. “Ou a violência acontece por esse poder, ou por gênero - homens agredindo mulheres - que são fatores preponderantes, pois muitos pais têm a idéia de que a criança é um objeto”, disse.
Ela cita que os principais tipos de violência são maus-tratos, negligência, abandono e violência sexual - que é a mais velada. “É difícil encontrar um pai ou mãe admitindo um crime. Quando chegam no posto de saúde, quando vão, dizem que criança caiu, que foi brigar como irmão, enfim, nunca se colocam na situação de agressor”, explicou.
Para reduzir esses índices, Simone diz que é preciso que as pessoas denunciem os casos de agressão. “As pessoas precisam denunciar. E tem que haver a cultura na sociedade de não preservar a violência. Meninos e meninas não são objetos, por isso é importante denunciar” reforçou.
CAUSA
Segundo a coordenadora geral do Conselho Tutelar de Palmas, Daniela Nunes Alves, a principal causa da violência infantil é a indisciplina dos filhos. Pelo menos essa é a alegação de muitos pais. “A maioria dos agressores alega indisciplina dos filhos, mas a maioria dos pais não tem tempo para educa-los e os agridem por qualquer motivo”, reforçou.Segundo a Daniela, esses problema poderiam ser evitados com a orientação dos pais. “Muitos dos problemas ocorrem por falta de conversa, de orientação, onde o pai deveria ter se dedicado mais ao filho”, apontou.

Outro problema apontado pela coordenadora é o alcoolismo. “Há muitos casos de pais alcoolizados. E qualquer problema na família o membro mais fraco é a criança, que acaba recebendo a descarga”, frisou.
De acordo com Daniela, o Conselho Tutelar não tem um número real da violência em Palmas, pois muitos dos casos são encobertos pela família.
E para amenizar o problema, ela acredita que o melhor caminho seja a denúncia. “A sociedade tem que ter atenção para denunciar, para que os números possam diminuir”, reforçou. Ela explicou ainda que a preocupação nesse ano é maior, pois o conselho tem recebido um número de registro de casos maior do que em anos anteriores. Essas denúncias geralmente passam pelo conselho, principalmente nos casos de espancamento e negligência. “Temos muitos casos de maus-tratos que são denunciados pela família, e os agressores são mãe, pai, padrasto ou madrasta”, disse.
Como o conselho faz esse primeiro atendimento e encaminhamento, aumentam-se os cuidados com a situação das crianças. “Em cada caso vamos estudar a situação para ver a melhor mudança para a família e que a violência não venha a acontecer novamente”, frisou Daniela.
Fonte: Jornal do Tocantins

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